Chevron recebe prazo apertado dos EUA para encerrar operações na Venezuela

Pressão máxima dos EUA sobre Chevron e regime Maduro

O clima já era tenso quando, do nada, o governo dos Estados Unidos mandou um recado direto: Chevron teria apenas 30 dias para interromper completamente suas operações de petróleo na Venezuela. A ordem, que inicialmente vencida no dia 3 de abril de 2025, foi um choque até para analistas acostumados com o vai e vem das sanções. Tradicionalmente, esse “período de transição” costuma ser de seis meses. Não desta vez. O recado era claro: Washington queria apertar ainda mais o cerco ao presidente Nicolás Maduro, usando o mercado petroleiro como alavanca para forçar de vez reformas democráticas ou até mexer na política migratória para aceitar cidadãos norte-americanos expulsos.

A Chevron, na prática, é a última gigante norte-americana a operar no solo venezuelano. Sua presença é estratégica: responde por cerca de 20% da produção de petróleo do país, sempre em parceria com a estatal PDVSA. Não é pouca coisa num setor combalido por crises e sanções. Mas nem mesmo esse peso todo blindou a empresa inicialmente. Só que aí entram os bastidores: para evitar impactos maiores, Mike Wirth, CEO da Chevron, começou uma verdadeira maratona diplomática. Reuniões com funcionários de alto escalão em Washington, argumentos de que a saída abrupta abriria espaço gigante para chineses e russos e, claro, o temor de que rivais estrangeiros tomassem as rédeas desse mercado.

Extensões, negociações e o xadrez geopolítico

Extensões, negociações e o xadrez geopolítico

A pressão deu resultado. O prazo original de abril virou pó e passou a ser dia 27 de maio. Logo depois, mais negociações e lobby forte garantiram um novo adiamento para 27 de julho. O contexto era de pura barganha: por um lado, o governo dos EUA queria garantias do regime Maduro, especialmente na liberação de cidadãos americanos presos na Venezuela e talvez algum avanço em conversas bilaterais. De outro, a Chevron argumentava que uma saída rápida não só afetaria o setor de energia, mas mudaria o equilíbrio de forças na América Latina, onde China e Rússia esperam qualquer brecha para avançar.

O medo é real. Caso a Chevron abandone de vez o território, empresas chinesas ou russas podem ampliar sua presença, esvaziando qualquer poder de influência dos americanos sobre Caracas. E não é de hoje que a Venezuela busca outros parceiros: a relação com Moscou e Pequim já rendeu empréstimos, refinarias e até infraestrutura moderna em troca de acesso ao vasto petróleo local.

Enquanto isso, para a população, tudo segue travado: a indústria tenta se manter viva, mas cada anúncio de sanção ou saída de empresa é um tremor em cadeia. Analistas classificam a saída da Chevron como um dos pontos mais sensíveis do xadrez internacional na região. Não é só uma petroleira saindo; é sinal de que a influência dos EUA está na balança, justamente num setor que sempre impulsionou a economia venezuelana.

Por ora, a conta está aberta. O prazo de julho vira relógio de ansiedade para diplomatas, executivos e até para os venezuelanos preocupados com mais turbulência econômica pela frente. Saída ou permanência da Chevron: cada passo é observado de perto por quem entende como o petróleo segue vivo no jogo duro da política mundial.