Onda de frio de 2025 traz extremos ao Brasil: cinco episódios que congelaram o interior

Em 2025 o Brasil enfrentou uma sequência incomum de onda de frio que deixou a população em alerta e as redes de energia sob pressão. Diferente dos verões e invernos mais brandos dos últimos anos, o país viu massas de ar polar percorrer seu interior mantendo toda a força de resfriamento.

Massas continentais: o que mudou?

Nas décadas anteriores, as frentes frias costumavam perder intensidade ao cruzar o Atlântico, o que amenizava o frio ao chegar ao Sudeste. Em 2025, porém, o cenário foi outro: massas de ar polar surgiram sobre a América do Sul, percorreram o interior do continente e mantiveram baixa umidade. Essa característica continental aumentou o potencial de resfriamento, permitindo que o ar gelado invadisse regiões que normalmente não sentiriam grandes baixas.

O primeiro grande choque ocorreu na transição de maio para junho, poucos dias antes do solstício de inverno. Simulações atmosféricas confirmaram a chegada de uma frente polar forte, projetando temperaturas bem abaixo da média para o sul, sudeste, Centro‑Oeste e até estados do Norte como Rondônia, Acre e o sul do Amazonas.

Impactos regionais das ondas de frio

Impactos regionais das ondas de frio

Entre junho e agosto, foram registradas ao menos cinco ondas distintas. Cada uma trouxe quedas de temperatura de 5 °C ou mais abaixo da média por, no mínimo, cinco dias consecutivos – o critério oficial para definir uma onda de frio.

A quinta onda, iniciada em 8 de agosto, foi a mais abrangente. Ela atingiu nove estados da região centro‑sul, incluindo Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, sul do Rio de Janeiro, sul de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, sul de Mato Grosso e sul de Goiás. Em alguns municípios, como Porto Alegre, o termômetro não subiu acima de 14 °C durante o pico, enquanto Curitiba registrou máximas em torno de 17 °C e mínimas entre 9 °C e 10 °C.

  • Rio Grande do Sul – máximas ≤14 °C, fortes ventos.
  • Paraná – máximas entre 15 °C e 18 °C, geada nas áreas rurais.
  • Santa Catarina – temperaturas noturnas próximas de 5 °C.
  • São Paulo – máximas raramente ultrapassaram 16 °C.
  • Rio de Janeiro (sul) – queda abrupta, máximas em 15 °C.
  • Minas Gerais (sul) – risco de formação de gelo nas plantações de café.
  • Mato Grosso do Sul – frio intenso, ditando aumento no consumo de gás.
  • Mato Grosso (sul) – temperaturas mínimas próximas de 8 °C.
  • Goiás (sul) – queda de demanda energética nas áreas urbanas.

O frio também gerou “friagem” nos estados do Norte, especialmente entre Acre e Rondônia, onde as temperaturas chegaram a ficar 6 °C abaixo da média histórica para aquele período.

Segundo o meteorologista Alexandre Nascimento, da Nottus Meteorologia, o inverno de 2024 foi 3 a 5 °C mais quente que o normal devido ao El Niño. Em 2025, com condições oceânicas neutras no Pacífico e no Atlântico, o clima retornou ao padrão esperado, permitindo que as massas polares avançassem livremente.

Os efeitos práticos foram sentidos em vários setores. Agricultores relataram perdas na produção de soja e milho nas áreas sul‑centrais, enquanto o consumo de energia elétrica aumentou cerca de 12 % nas capitais mais afetadas. Hospitais viram um pico de casos de hipotermia, o que exigiu reforço de protocolos de atendimento emergencial.

Com o inverno se estendendo até 22 de setembro, os especialistas preveem que, mesmo após a quinta onda, possam surgir novas quedas de temperatura no início da primavera. A tendência indica que o país estará atento a mais frentes frias antes que a estação quente se estabilize.