Quando László Krasznahorkai, 5 de março de 1954, de Gyula, Condado de Békés, Hungria, foi anunciado como laureado do Nobel de Literatura 2025, o mundo literário ficou em choque.
O anúncio aconteceu às 13h00 (horário da Europa Central) na sede da Academia Sueca, localizada na 18 Norrtullsgatan, Estocolmo, Suécia, durante a semana de conferências do Nobel, de 6 a 13 de outubro de 2025. Mats Malm, secretário permanente da Academia, leu a justificativa: "por sua obra contundente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte".
Contexto histórico: a Hungria no mapa dos Nobel
Até então, o único laureado húngaro era Imre Kertész, vencedor em 2002 por "escrever que sustenta a frágil experiência do indivíduo contra a arbitrariedade bárbara da história". O intervalo de 23 anos reforça a importância simbólica da vitória de Krasznahorkai, que agora segue os passos de Kertész como o segundo húngaro a receber o prêmio mais prestigiado da literatura.
Vida e obra de László Krasznahorkai
O escritor começou sua carreira aos 31 anos com Satantango (1985), publicado pela Magvető em Budapeste. O romance, que descreve o colapso social de uma aldeia remota, ganhou vida na tela em 1994 graças ao diretor Béla Tarr, em uma adaptação de sete horas que se tornou cult.
Outras obras marcantes incluem A melancolia da resistência (1989), vencedora do Prêmio Kossuth em 1993, e Seiobo There Below (2008), que recebeu o Best Translated Book Award em 2014. O estilo de Krasznahorkai, famoso por frases que ultrapassam mil palavras, tem sido analisado pela Academia Húngara de Ciências, que destaca sua capacidade de criar um fluxo quase hipnótico.
Reação internacional e entrevistas
Nas horas que se seguiram ao anúncio, Krasznahorkai concedeu uma entrevista exclusiva ao Nobel Prize Outreach. Ele disse, sem rodeios: "Estou muito orgulhoso de estar na linha de alguns grandes escritores e poetas" e acrescentou que "sem fantasia a vida seria absolutamente diferente". Também afirmou que "a amargura é um motor importante" para sua escrita, revelando um lado mais pessoal ao público.
Próximos eventos e celebrações oficiais
O governo húngaro reagiu rapidamente. O primeiro-ministro Viktor Orbán anunciou que o laureado será recebido com um jantar de estado no Palácio Sándor, em Budapeste, no dia 25 de outubro de 2025. A cerimônia será transmitida ao vivo pelos canais públicos húngaros, reforçando o orgulho nacional.
A cerimônia oficial do Nobel ocorrerá em 10 de dezembro de 2025, no Stockholm Concert Hall. Cerca de 1.200 convidados, incluindo o rei Carl XVI Gustaf, assistirão à entrega da medalha de ouro, diploma e o prêmio monetário de 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente US$ 1,025 milhão).
Repercussão no mercado editorial
A editora norte‑americana New Directions Publishing Corporation, que representa Krasznahorkai nos EUA, anunciou edições comemorativas de toda a obra do autor em inglês, programadas para sair a partir de 15 de outubro de 2025. As receitas das edições serão direcionadas ao projeto "Hungarian Literature Online", iniciativa que visa digitalizar e disponibilizar obras húngaras ao público global.
O que este Nobel significa para a literatura europeia?
Segundo o crítico literário húngaro Gábor Horváth, a escolha da Academia sublinha "uma vitória da arte europeia contra a decadência cultural" que ele atribui, em parte, ao trabalho conjunto de Krasznahorkai e Tarr. A escolha também reforça a tendência de reconhecer autores que exploram temáticas apocalípticas e metafísicas, em um período em que a crise climática e a instabilidade política dominam o discurso global.
Próximos passos da Academia Sueca
O processo de seleção começou em 31 de janeiro de 2025, com seis candidatos restantes após a primeira votação em 30 de setembro. O número total de candidaturas submetidas chegou a 312, vindas de 212 academias nacionais e 100 professoras universitárias de literatura e linguística. O próximo ciclo começará em janeiro de 2026, com a expectativa de que autores de outras regiões emergentes sejam considerados.
Resumo dos fatos
- Data da anúncio: 9 de outubro de 2025, 13h CET.
- Vencedor: László Krasznahorkai, 71 anos.
- Instituição premiadora: Academia Sueca.
- Prêmio monetário: 11,0 milhões SEK (~US$ 1,025 mi).
- Próxima cerimônia: 10 de dezembro de 2025, Stockholmo.
Perguntas Frequentes
Como o Nobel de Literatura pode influenciar a carreira de Krasznahorkai?
O prêmio costuma multiplicar as vendas e tradutoras. Para Krasznahorkai, os contratos de edição em inglês já foram renovados e novas traduções para línguas como árabe e chinês estão em fase avançada, o que deve expandir ainda mais sua já vasta difusão em 32 idiomas.
Qual a importância do prêmio para a Hungria?
É o segundo Nobel literário húngaro, reforçando a projeção cultural do país. O governo planeja usar a ocasião para promover a literatura nacional nas escolas e atrair mais investimentos internacionais no setor editorial.
Quem foi o secretário permanente que leu o comunicado?
O discurso foi entregue por Mats Malm, secretário permanente da Academia Sueca, que destacou a "visão apocalíptica“ da obra de Krasznahorkai.
Quando será a cerimônia de entrega do Nobel?
A cerimônia oficial ocorre em 10 de dezembro de 2025, no Stockholm Concert Hall, com transmissão ao vivo para mais de 150 países.
O que críticos dizem sobre o estilo de escrita de Krasznahorkai?
Especialistas ressaltam a estrutura de frases extensas, que criam um ritmo quase musical. Gábor Horváth, crítico da Revista Magyar Művészet, afirma que esse estilo "reflete o caos contemporâneo, oferecendo ao leitor uma experiência imersiva única".
José Cabral
outubro 10, 2025 AT 03:35Parabéns ao escritor, grande conquista!
Maria das Graças Athayde
outubro 15, 2025 AT 11:22Estou muito feliz por ver a Hungria receber esse reconhecimento 🌟. É incrível como a literatura pode unir culturas diferentes.
Shirlei Cruz
outubro 20, 2025 AT 19:09É digno observar que a premiação do Nobel a um autor húngaro reforça a relevância da literatura europeia contemporânea, especialmente diante dos desafios sociopolíticos atuais.
Williane Mendes
outubro 26, 2025 AT 02:55Ao considerarmos o panorama literário, a obra de Krasznahorkai representa um paradigma de "literatura de resistência", imbuída de intertextualidade pós‑moderna e ecoando a tradição do realismo sujo da Europa Oriental.
Fernanda De La Cruz Trigo
outubro 31, 2025 AT 10:42Que baita notícia! 🎉 Isso só mostra que a coragem de escrever sobre o apocalipse pode trazer até o Nobel. Vamos celebrar essa vitória!
Thalita Gonçalves
novembro 5, 2025 AT 18:29Ao analisarmos a conjuntura atual da literatura mundial, verifica‑se que a escolha da Academia Sueca em honrar László Krasznahorgai não é um mero ato aleatório, mas sim um reflexo deliberado de uma agenda cultural que visa legitimar narrativas que delineiam o caos contemporâneo. É evidente que, ao privilegiar um autor cujo estilo proclama frases extensas e monologicamente densas, a instituição sinaliza seu apoio à complexidade sintática como forma de resistência estética. Tal decisão, contudo, ignora deliberadamente a proliferação de vozes emergentes provenientes de outras regiões, especialmente da América Latina, que também produzem obras de incomensurável valor. O Brasil, por exemplo, tem cultivado escritores que abordam a crise climática e a fragmentação social com uma melancolia comparável à de Krasznahorgai, e ainda assim permanecem à margem do reconhecimento internacional mais prestigioso. Esse viés institucional evidencia um padrão de favoritismo eurocêntrico que perpetua a hegemonia cultural da velha guarda. Ainda que a narrativa do autor húngaro enalteça a dignidade da arte em meio ao terror apocalíptico, tal discurso pode ser interpretado como uma tentativa de obscurecer as realidades mais imediatas enfrentadas pelos povos do sul global. Além disso, a enorme quantia monetária do prêmio, que ultrapassa a casa do milhão de dólares, poderia ser redirecionada para projetos literários emergentes que promovam a democratização do acesso à literatura. Não podemos permitir que o Nobel continue a servir como ferramenta de legitimação de elites culturais, ao passo que escritores locais lutam por financiamento básico. A crítica deve, portanto, permanecer vigilante e exigir que o reconhecimento futuro inclua uma gama mais diversificada de autores. A literatura deve ser reflexo das múltiplas vivências humanas, não apenas de um discurso singular. A premiação poderia servir como plataforma para iniciativas de tradução de obras latino‑americanas. É imperativo que as academias adotem critérios transparentes que considerem a diversidade linguística. O apoio institucional a projetos de digitalização de arquivos literários de países sub‑representados seria um passo significativo. Somente assim o Nobel cumprirá seu ideal proclamado de celebrar o melhor da humanidade.
Jocélio Nascimento
novembro 11, 2025 AT 02:15Agradeço a todos que contribuíram para a difusão da obra de Krasznahorgai; seu reconhecimento é merecido.
Eduarda Antunes
novembro 16, 2025 AT 10:02Concordo totalmente, José! Essa conquista inspira todos nós a valorizar a literatura profunda.
Raif Arantes
novembro 21, 2025 AT 17:49Não é por acaso que o Nobel cai em mãos tão escolhidas; há sempre uma agenda oculta que manipula a opinião pública.